E estamos de volta para mais uma semana de “entre o Direito e o Esporte”. Essa semana vamos falar um pouco sobre o chamado “licenciamento de clubes” e seu regulamento feito pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Vamos lá?
Imagina que você está na escola. Lá na escola você tinha que seguir regras. Essas regras falavam como era o seu dia, o que você podia vestir, e até mesmo o que você podia fazer lá – certo? A ideia do “licenciamento de clubes” é quase a mesma coisa.
O “licenciamento de clubes” serve como um guia para os times de futebol no Brasil.
E falando em guia, esse é o nosso de hoje: primeiro vamos falar sobre como o Regulamento de Licença de Clubes afeta o seu time. Depois a gente vai ver as regras para o ano que vem (ou para a semana que vem, né?). Para aí conversamos um pouco sobre as punições possíveis para quem não segue esse guia – e não vai ser só uma advertência na caderneta. Fechou?
O Regulamento de Licença de Clubes veio de “cima para baixo”. Ou seja, a Fédération Internationale de Football Association (FIFA) que pensou nisso na “FIFA 2.0: visão para o futuro” lá em 2016. É um jeito para “melhorar” o futebol – deixar o futebol mais profissional e desenvolvido (ao menos é o que falam).
A CBF se alinhou com a FIFA e a CONMEBOL e criou o regulamento aqui no Brasil. E aqui tem duas posições em campo: desenvolver os clubes e servir como base para que se possa estudar o nosso futebol (assim a CBF não vai só “chutar” o que é bom para cá). E o seu clube precisa dessa licença para jogar o campeonato brasileiro se estiver na Série A, na Copa Sul-Americana ou na Copa Libertadores.
Conseguir essa licença é como passar de ano. Imagina se você chegou no fim do ano na sua escola e não fechou alguma matéria. O que acontece? Ou você vai para um conselho para ver se dá para te passar de ano, ou você leva uma “dependência” para o outro ano, ou você reprova. A mesma coisa acontece com os clubes agora.
E sem a licença, você não joga.
É claro que a CBF criou regras para que um clube consiga essa licença. Essas regras afetam todo o seu clube, desde o que você come no estádio até quem é o preparador físico do seu time. E para o ano que vem as regras ficarão mais duras!
Imagina que você é o dono da escola. Imagina que a escola está indo bem e o dono sabe que os alunos podem ir ainda melhor. Imagina que o dono quer que a escola seja a número um no mundo. É quase essa a ideia da CBF, e é por isso que as regras para o “licenciamento de clubes” ficam mais fortes a cada ano. Afinal, em vez de tirar um “cincão” e passar de ano, a gente quer tirar um 10, né?
Ano que vem os clubes terão regras a mais para o futebol de base, para os médicos do clube e para os estádios. Isso além de regras para o seu dia a dia e no jeito que seu time fala sobre quanto dinheiro ele tem e quanto gastou.
Como exemplo, seu clube vai ter que descrever para a CBF o programa de desenvolvimento das categorias de base para a formação de atletas detalhando objetivos e a filosofia adotada assim como o organograma desse departamento. Traduzindo: quem faz, o que faz, e como faz para transformar aquele seu amigo perna de pau em um jogador nível profissional.
A ideia é deixar o futebol melhor, e melhor para você torcedor. O futebol, como um esporte, é uma paixão e um produto. É algo que a gente compra no nosso dia a dia, e por isso a gente fala que é uma indústria. E quanto melhor essa indústria for para o torcedor, quanto melhor o produto for para o torcedor, mais vai valer – e quem sabe um dia a gente consegue deixar um Neymar aqui em vez de ver ele jogando só pela TV, né?
É fato que a CBF pode fazer quantas regras quiser. Só que quem garante que os clubes vão fazer o que ela manda? É justamente aí que entra a história de advertência, suspensão, conselho, dependência e reprovação. Deixaram o nosso futebol quase que como uma escola. E uma escola rígida e, quem sabe um dia, boa!
A CBF pode punir o seu time se ele não seguir o Regulamento de Licença de Clubes.
Imagina que você é o presidente do seu clube. Chegou começo do ano e você pensa “ah, não quero nem saber de todo esse papel. Vou só botar meu time em campo”. Seu time não pede a licença. Seu time não consegue a licença. O que acontece em seguida? É, o seu time não vai jogar!
Agora imagina que o seu time pediu a licença. Seu time enviou até tudo sobre o futebol de base. E… errou! Seu time não tinha um médico para a base. O que a CBF pode fazer? Uma lista de opções: desde uma advertência (vulgo tapinha na mão) até falar que não vai ter licença não – agora eu acho mais provável que a CBF diga “contrate um médico, agora” e dê uma multa até que o seu time contrate esse médico. E se demorar muito, ainda é capaz da CBF falar que não vai poder trazer aquele jogador para o seu time (sim, a CBF pode) ou que o seu capitão não vai poder registrar aquele contrato novo (sim, a CBF pode).
Essas punições são maneiras de fazer com que os clubes sigam na linha as regras fora das quatros linhas. E de fazer o nosso futebol melhorar – espero.
Bom, hoje falamos um pouco sobre o Regulamento de Licença de Clubes e como essa regra da CBF afeta o seu clube. E esse é só o começo, em 2019 serão mais regras – e para a Série B também!
Espero que tenham gostado de mais uma semana aqui. Como sempre, quem quiser conversar é só me chamar lá no LinkedIn. Desejo a todos vocês um ótimo ano novo e aproveitem o final de semana! Vejo vocês ano que vem agora, bem na hora de falar sobre o futebol de base. E viva a Copinha!
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Fonte: Universidade do Futebol
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