João Gabriel Pinto, de 7 anos, e Helena Gomes Pereira, de 10, aprenderam já na infância que o esporte é capaz de transformar vidas. A participação no Pernas de Aluguel, projeto promovido por voluntários de Campinas que leva crianças, jovens e adultos com deficiência motora ou intelectual a participar de provas de corrida de rua, melhorou a integração da dupla à sociedade e gerou benefícios notáveis na parte física e emocional de ambos.
Nas manhãs dos domingos, João Gabriel e Helena são levados por seus pais à Lagoa do Taquaral, o maior parque de Campinas. Lá, encontram dezenas de voluntários, que “alugam” suas pernas e braços para que a dupla monte em triciclos e curta a corrida por algumas horas, e outros PCDs (sigla utilizada para desginar pessoas com deficiência visual, auditiva, física ou intelectual).
Durante as horas em que estão no parque, a distância entre os PCDs e o restante da sociedade fica mais curta. Entre eles, a palavra “inclusão” é substituída por “integração” – uma forma de fazer com que os PCDs se sintam verdadeiramente acolhidos.
Acometido por uma paralisia cerebral, João Gabriel chegou ao Pernas de Aluguel há dois anos. Ele não conseguia caminhar e era socialmente retraído, relata sua mãe, a dona de casa Dorivanda Silva Santos, de 36 anos. “Ele tinha medo de barulho, até que cantasse ‘parabéns para você’ perto dele. Qualquer coisa assustava. Hoje, não tem nada disso. Se alguém chega perto dele, ele abraça. O João se livrou dos medos que tinha”, diz.
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Quebrar a reclusão de João Gabriel não foi o único trunfo da interação com os voluntários do Pernas de Aluguel. Há um ano e oito meses, o garoto começou a andar em uma corrida realizada na cidade de Valinhos, vizinha a Campinas.
“O Pernas de Aluguel foi muito importante para o desenvolvimento do meu filho. Ajudou bastante nos estímulos físicos e psicológicos. Do ponto de vista de integração, foi perfeito”, ressalta Dorivanda.
A mascote do Pernas de Aluguel
Tratada pelos voluntários como a “mascote” do Pernas de Aluguel em Campinas, Helena tem cranioestenose, doença caracterizada pela fusão prematura de uma ou mais suturas cranianas. A craniostenose provoca uma deformação no crânio e pode prejudicar o crescimento do encéfalo, o centro do sistema nervoso.
Basta Helena cruzar a linha de chegada de uma das provas da região de Campinas para seu pai, Luiz de Cassio Pereira, de 39 anos, ir às lágrimas. A emoção de presenciar o contato da filha com o esporte é, segundo ele, “indescritível”.
“A Helena é uma criança bem doce. Ela distribui abraços o tempo todo. É a nossa mascote. Ela tem um problema de fala, mas agora já formula frases mais longas. Isso é visível”, avalia João Marcelo Eleotério, coordenador do projeto.
“A importância desse projeto tem vários ângulos. Primeiro, para a criança. Traz benefícios físicos e emocionais. Depois, para os voluntários, que podem ser as pernas de uma criança”, reforçou a mãe de Helena, a gerente de tecnologia da informação Elaine Gomes, de 37 anos, em entrevista ao jornal Correio Popular.
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Fonte: Ativo.com
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