Você provavelmente já deve ter ouvido falar do jejum intermitente e lido em algum canto da internet que uma celebridade aderiu ao método.
Como o próprio nome já indica, trata-se de um regime em que a pessoa intercala períodos de horas sem comer nada com períodos de alimentação com o objetivo de fazer com que o corpo utilize e queime os seus estoques de gorduras.
Existem várias maneiras de fazer o jejum intermitente: o método 16/8 (a pessoa jejua por 14 a 16 horas por dia e se alimente dentro de uma janela de oito a 10 horas); a dieta 5:2 (em que come-se normalmente cinco dias da semana e faz-se uma dieta com restrição calórica por dois dias); fazer jejuns de 24 horas uma a duas vezes por semana e a dieta do guerreiro (comer pequenas porções de frutas e vegetais crus de dia e fazer uma refeição gigante na parte da noite), entre outras variações.
Mas será que o jejum intermitente faz mal em algumas ocasiões?
Podemos afirmar que o jejum intermitente faz mal para algumas pessoas porque ele é contraindicado para mulheres que estejam grávidas ou amamentando, crianças, adolescentes e pessoas diagnosticadas com doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
Logo, se o método não fizesse mal para essas pessoas, ele não seria contraindicado a elas, não é mesmo?
Porém, isso não significa que ele seja ruim para todas as pessoas. Entretanto, é fundamental que antes de aderir ao jejum intermitente, o médico seja consultado para que você tenha certeza de que realmente pode aderir ao jejum intermitente, além de ser essencial contar com o acompanhamento do profissional durante todo o processo.
Por que isso é tão importante? Ora, você ficará um belo período sem fornecer nutrientes e energia ao organismo, logo é necessário ouvir do médico quais precauções precisam ser tomadas para evitar que a sua saúde seja prejudicada.
É importante avaliar o perfil físico e psicológico do paciente e ter critério durante as janelas de alimentação. Do ponto de vista médico, ficar horas sem comer pode ser aceitável dependendo do perfil do paciente, o que deve ser analisado pelo médico.
Nenhuma dieta funciona para todo mundo
Quem disse isso foi o médico Vicent Pedre, em artigo publicado. Ele contou que já conseguiu ótimos resultados com o jejum intermitente entre os seus pacientes e que estudos já creditaram ao método (quando feito corretamente) benefícios como estímulo à imunidade, normalização da pressão arterial, equilíbrio de hormônios que regulam a gordura e sinalizam a saciedade e a diminuição da inflamação.
Entretanto, o médico também contou dois casos de pessoas para quem o jejum intermitente foi prejudicial. A primeira citada foi uma paciente com bulimia, de 29 anos, que ouviu de uma amiga a respeito do método e se animou, já que o regime permitia que ela se empanturrasse durante a janela de alimentação.
Como descreveu Vicent, o resultado foi desastroso: logo na primeira noite, Jennifer devorou uma pizza, um pote com quase 500 ml de sorvete e uma garrafa de Chardonnay (vinho). Esse exagero já não seria saudável para qualquer pessoa, então calcule os estragos que pode fazer para alguém que sofre com um distúrbio alimentar como a bulimia?
O médico falou ainda sobre um de seus pacientes, chamado Jon, um executivo altamente estressado de 44 anos, que precisava perder cerca de 22,5 kg. Vicent indicou o jejum intermitente ao homem, porém, ao longo do processo, ele reclamou ao médico que estava engordando.
Ao investigar a questão, Vicent descobriu que apesar de jejuar durante as horas devidas, o paciente tomava cerca de oito xícaras de café preto durante o período sem comer, o que reduzia o seu apetite mas aumentava os níveis do hormônio do estresse, o cortisol – vale lembrar que o estresse já foi associado ao aumento de peso.
Além disso, Jon acumulava rosquinhas tipo donuts e outras guloseimas durante a sua janela de alimentação.
Ou seja, é preciso conversar bastante com o médico, detalhando a ele suas características, necessidades, vícios e problemas de saúde para sair do consultório com a certeza de que o jejum intermitente é realmente indicado para você.
Os riscos do jejum intermitente sem acompanhamento profissional
O jejum intermitente faz mal também quando não acontece com o devido acompanhamento de um profissional de saúde habilitado e/ou é mal executado porque pode provocar efeitos colaterais graves como desnutrição, desidratação, hipoglicemia, fraqueza muscular e dificuldades de concentração, principalmente nos casos em que o indivíduo fizer parte do grupo de pessoas para as quais o método é contraindicado.
Outros efeitos colaterais associados ao jejum intermitente
De acordo com informações encontradas, ao jejuar por bastante tempo, algumas pessoas podem enfrentar problemas como dor de cabeça, fadiga, ansiedade e irritação.
Em seu artigo, o médico Vicent Pedre também afirmou considerar que o jejum intermitente pode provocar um acúmulo de fatores que causam síndrome do intestino permeável, resistência à perda de peso e inflamação.
Ele comentou ainda que alguns de seus pacientes que seguem o jejum intermitente reclamam de estarem muito excitados antes de ir dormir. De acordo com o médico, podem existir várias razões para o problema, sendo uma delas o fato de se comer um jantar rico em carboidratos, o que pode provocar quedas dos níveis de açúcar no sangue e perturbar o sono.
Segundo Vicent, evitar carboidratos refinados e preferir os complexos como a batata doce (que favorecem a estabilidade das taxas de açúcar no sangue) na hora do jantar pode ajudar em relação ao problema.
Em alguns artigos publicados, encontramos relatos de pessoas que sofreram com a dificuldade para dormir quando testaram o jejum intermitente.
Segundo esses estudos, esse efeito é prejudicial porque acaba com a energia para o dia seguinte, além de interferir no controle do peso. O pouco sono já foi associado com o aumento do apetite, a elevação do desejo por doces e comidas gordurosas, a diminuição da vontade de comer alimentos saudáveis e o desencadeamento de comilança em excesso e do ganho de peso.
Por esse motivo, o jejum intermitente faz mal e pode não ser apropriado para muitos.
A comilança excessiva
Obviamente, ao ficar horas a fio dentro do jejum intermitente, a pessoa estará faminta, o que pode estimular que ela se empanturre na hora que chegar a sua janela de alimentação e acabe se enchendo com comidas nada saudáveis.
Vicent Pedre citou um artigo do Canadian Medical Association Journal (Jornal da Associação Médica Canadense, tradução livre), em que o autor Roger Collier afirma que os promotores do jejum intermitente, mesmo que sem a intenção, promovem a comilança exagerada.
“Frequentemente, eles retratam pessoas comendo um monte de comida calórica e cheia de gorduras como hambúrgueres, batata frita e bolo. A implicação é que se você jejua, pode devorar o tanto de besteiras que aguentar durante o restante das horas da janela de alimentação”, argumentou Collier.
No mesmo sentido, em um artigo publicado, encontramos pessoas que aderiram ao jejum a partir das 16h até 8h da manhã, e confessaram não terem resistido, depois de horas pensando sobre comida e vendo seus familiares comendo, e acabaram correndo para a cozinha atrás de comida e consumindo mais alimentos do que teriam consumido se fosse uma noite comum em que pudessem se alimentar normalmente.
Outros que tentam fazer restrição calórica em dois dias não consecutivos da semana (em uma modalidade do jejum intermitente) geralmente ficam sonhando com o que comerão quando puderem voltar à alimentação regular.
Resultado: quando chega o dia de comer, acabam recorrendo a besteiras como pizza, salgadinhos e sorvetes, completou a nutricionista.
Vicent afirmou que esse não é o jeito que o jejum intermitente deve funcionar e que (durante o processo) é preciso não perder de vista o que significa seguir uma dieta saudável.
E não precisa ser médico para concluir que se empanturrar ao longo de poucas horas de comidas nada saudáveis fará mal para a saúde e a boa forma.
Prejuízo do consumo de nutrientes
Para alguns nutricionistas, como observamos em diversos artigos, um dos principais defeitos do jejum intermitente é o fato dele comprometer a ingestão de nutrientes por limitar o consumo de vegetais, frutas, carne magra e gorduras saudáveis.
Esses alimentos estão fortemente ligados à manutenção do metabolismo acelerado, estímulo da saciedade e diminuição da inflamação, que são fatores críticos para a perda de peso.
Um conselho para quem tentar o jejum intermitente ou uma versão modificada do método é manter-se firme com os alimentos integrais e frescos no lugar dos produtos processados.
Perda muscular
O jejum não estimula somente a destruir apenas as reservas de gorduras. O corpo queima uma combinação de carboidratos e gorduras e depois de mais ou menos seis horas, quando os carboidratos não estão sendo consumidos e as reservas do fígado acabaram, a massa magra começa a ser convertida em carboidratos.
A proporção de gordura para músculo que é perdida varia de pessoa para pessoa, conforme a composição corporal de cada um, além da sua ingestão de proteínas, o nível de atividade física e o sexo.
Outras recomendações
Se durante o período que estiver seguindo o jejum intermitente, você experimentar alguns dos efeitos colaterais aqui mencionados ou qualquer outro tipo de reação adversa, procure rapidamente a ajuda médica.
Você já tinha ouvido falar que a prática do jejum intermitente faz mal em determinadas ocasiões e para determinadas pessoas? Já experimentou fazer isso para emagrecer? Comente abaixo!
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