É comum hoje em dia ouvirmos algumas discussões, supostamente sobre tática, no futebol brasileiro se prendendo aos números envolvidos nos esquemas de jogo: o 1-5-4-1 seria defensivo demais, ou o 1-4-2-4 super ofensivo – sim, coloco o primeiro “1” fazendo referência ao goleiro, por isso não fico espantado quando Jorge Sampaoli pede no Santos um arqueiro que saiba jogar com os pés. Acredito na ideia do ‘futebol total’: com a bola, todos atacam. Inclusive o goleiro. E sem a bola todos defendem. Incluindo o centroavante.
Amo tática, adoro estuda-la e, quanto mais conheço e observo mais quero aprender. Sei, porém, que ela por si só não traz todas as respostas para os complexos problemas que um jogo de futebol apresenta. É claro que uma equipe com um jogo minimamente elaborado terá referências coletivas de ataque, defesa e transições. Mas haverá também decisões que serão novas, exclusivas dos jogadores, que poderão fazer a diferença para o cumprimento da lógica do jogo.
O que quero dizer aqui é que a análise deve ser muito mais ampla do que o esquema tático. Até porque ele é circunstancial. Uma equipe pode se defender com duas linhas de quatro e atacar com uma linha ofensiva de cinco jogadores, dependendo da altura que os laterais e os meias ocupam. E além disso, por conta das características únicas de cada jogador e da sinergia e elos de ligação que se formam, toda equipe terá suas características únicas. Ou alguém duvida que um 1-4-3-3 com Messi de falso 9 é diferente do mesmo 1-4-3-3 tendo Diego Costa como centroavante?
Não quero aqui tirar o peso da tática na análise. Pelo contrário. Colocar os óculos dos princípios e subprincípios ofensivos e defensivos para tirar padrões de comportamento de um time são super válidos. Mas esse mesmo óculos precisa ser calibrado: se não abrirmos os nossos olhos para a complexidade de um jogo de futebol continuaremos míopes para entender porque uma equipe ou ganhou ou perdeu, mesmo usando esses óculos.
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Fonte: Universidade do Futebol
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