Você costuma sentir a barriga inchada, alteração no trânsito intestinal normal, seja com constipação ou diarreia, e azia logo após comer pães e massas? Já suspeitou de doença celíaca, mas o diagnóstico foi negativo? Você pode ter sensibilidade ao glúten não celíaca.
A sensibilidade ao glúten não celíaca é quando uma pessoa apresenta sintomas semelhantes aos da doença celíaca, sem ter a doença. Quem é sensível ao glúten não apresenta os mecanismos de reação alérgica e nem de doença autoimune, que definem os quadros clínicos da alergia ao trigo e da doença celíaca.
O glúten é uma proteína presente em alguns cereais, como o trigo, o centeio, o malte e a cevada, e tem sofrido intensas modificações genéticas para atender à indústria alimentícia. Segundo a Embrapa, o trigo que nós consumimos atualmente contém 20 vezes mais glúten do que há 40 anos. Isso explica por que tanta gente tem problemas digestivos relacionados ao glúten.
Entenda mais sobre a sensibilidade ao glúten não celíaca, os sintomas, o que desencadeia e como são feitos o diagnóstico e o tratamento.
Diferenças: doença celíaca e alergia ao trigo
A doença celíaca é uma reação autoimune, que ocorre após a ingestão de glúten. Nessa doença, o glúten faz com que o sistema imunológico da pessoa comece a atacar as próprias células do intestino, inflamando a mucosa intestinal.
Como é uma doença que demora muito para ser diagnosticada, os danos neste órgão e a má absorção de nutrientes e minerais podem causar graves complicações, como desnutrição, úlcera gástrica, distúrbios neurológicos, osteoporose e câncer.
No caso da sensibilidade ao glúten não celíaca, não há esse impacto grave no organismo, pois não envolve um ataque autoimune. Os sintomas digestivos estão presentes, prejudicam a qualidade de vida, mas não danificam as células do intestino.
Na alergia ao trigo, o sistema imunológico identifica as proteínas do trigo como invasoras e prejudiciais ao organismo, iniciando uma resposta alérgica contra ele. Assim, a pessoa alérgica apresenta coceira na pele, inchaço, formigamento ou queimação na boca e congestão nasal. É mais comum afetar crianças antes da idade escolar, melhorando com o passar dos anos.
Na sensibilidade ao glúten não celíaca, a proteína do trigo não é alvo do sistema imunológico, como se ela fosse uma invasora. A pessoa até consegue digerir o glúten, mas às custas de muitos desconfortos abdominais e intestinais.
Sintomas da sensibilidade ao glúten não celíaca
Os sintomas mais comuns da sensibilidade ao glúten não celíaca são:
- Inchaço e dor abdominal
- Diarreia
- Constipação
- Odor forte nas fezes, devido à má absorção dos nutrientes.
- Dor epigástrica, também conhecida como dor na boca do estômago, acompanhada por náuseas, aerofagia (engolir ar em excesso), refluxo e aftas.
Pessoas com sensibilidade ao glúten não celíaca também podem manifestar sintomas fora do sistema gastrointestinal:
- Fadiga
- Dor de cabeça
- Ansiedade
- Depressão
- Confusão mental
- Dormência nos braços ou nas pernas
- Dores musculares ou articulares
- Perda de peso
- Anemia
- Dermatite ou erupção cutânea
O que desencadeia a sensibilidade ao glúten não celíaca?
O glúten é encontrado no trigo, na cevada, no triguilho (trigo para kibe), no centeio e no seitan (carne de glúten). Apesar da aveia não conter glúten, ela costuma ser processada nos mesmos equipamentos usados para os cereais com glúten, podendo, assim, ser contaminada com a proteína.
Muitos alimentos, principalmente os industrializados, têm o glúten como ingrediente:
- Massas
- Pães
- Guloseimas assadas
- Cereais e granola
- Mistura para bolos
- Bolachas
- Barrinhas de cereais e proteínas
- Batata frita ou batata chips
- Balas e barras de chocolate
- Torradas
- Frios e embutidos
- Hambúrguer
- Gérmen de trigo
- Molho de soja, shoyu
- Molhos, sopas e caldos que contêm farinha como espessante
- Temperos prontos e sopas desidratadas
- Cerveja e bebidas maltadas.
Alguns medicamentos, suplementos, vitaminas, produtos de higiene oral e cosméticos contêm glúten. Ele pode estar presente em alimentos e produtos que você nem imagina, por isso é muito importante ler os rótulos, antes de consumi-los.
Como é feito o diagnóstico da sensibilidade ao glúten não celíaca?
Não há testes específicos para diagnosticar a sensibilidade ao glúten não celíaca. O médico faz um diagnóstico de exclusão, solicitando exames para descartar a doença celíaca e a alergia ao trigo:
- Doença celíaca: se a pessoa não apresentar os anticorpos específicos da doença nos exames de sangue, e nem danos no duodeno em exames de biópsia, a doença celíaca é descartada.
- Alergia ao trigo: os testes feitos para descartar a alergia ao trigo são a dosagem sérica de IgE (anticorpo característico de reações alérgicas) e testes na pele de reação alérgica.
Mesmo após descartar essas duas doenças, a sensibilidade ao glúten não celíaca ainda pode ser confundida com a síndrome do intestino irritável, que manifesta sintomas muito semelhantes.
Assim, o diagnóstico é feito com base na história clínica extremamente detalhada, feita com base na retirada de alimentos que contenham glúten durante um período de tempo (2 a 4 semanas), seguido de sua reintrodução, para que o médico avalie os efeitos e possa concluir o diagnóstico.
Se durante a retirada do glúten, o paciente parou de manifestar os sintomas e, após a sua reintrodução, voltou a sentir os sintomas até mais fortes, a probabilidade de que tenha sensibilidade ao glúten não celíaca é muito alta.
Tratamento da sensibilidade ao glúten não celíaca
O tratamento para a sensibilidade ao glúten não celíaca é a adesão a uma dieta sem glúten. Como o nível de tolerância ao glúten varia entre as pessoas, algumas conseguem ingerir pequenas quantidades sem manifestar sintomas.
Confira alguns alimentos permitidos e aqueles que devem ser evitados:
Alimentos permitidos
- Grãos e amidos: mandioca, amaranto, araruta, painço, trigo mourisco, milho, feijão, batata, batata-doce, quinoa, arroz, arroz selvagem, sagu, sorgo, soja, tapioca, biscoito de polvilho e sequilho, farinhas de milho, farinhas de arroz, cuscuz de tapioca e de milho, pão de queijo, nozes e sementes.
Aqui você encontra mais dicas de alimentos permitidos na doença celíaca, que também podem ser consumidos na sensibilidade ao glúten não celíaca.
Alimentos para evitar
- Alimentos feitos com trigo: farinha de trigo, farinha de sêmola, farinha bromada, farinha de trigo durum, farinha de trigo enriquecida, amido de trigo, farelo de trigo, gérmen de trigo, trigo rachado, proteína de trigo hidrolisada, centeio e triticale.
- Alimentos processados que podem conter trigo, centeio ou cevada: cubos de caldo, batata frita, cachorro quente, salame, bolachas, molhos, tortillas, macarrão, sopa e molho de soja.
O glúten é muito comum nos alimentos, por isso busque por versões sem glúten e sempre leia os rótulos.
Fontes e referências adicionais
- Sensibilidade ao glúten não celíaca: uma patologia existente, de natureza não alérgica e não autoimune, de importância crescente, Anais do II Congresso Brasileiro de Ciências da Saúde – Editora Realize
- 5 informações que você precisa saber sobre dieta sem glúten, Hospital Sírio-Libanês
- Dieta para intolerância ao glúten, Hospital Israelita Albert Einstein
Você já tinha ouvido falar sobre sensibilidade ao glúten não celíaca? Já apresentou algum sintoma após ingerir alimentos com glúten? Sabia que o glúten está presente em tantos alimentos? Comente abaixo!
Note: There is a rating embedded within this post, please visit this post to rate it.Fonte: Mundo Boa Forma
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